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PRAIAS E BITUCAS NÃO COMBINAM!

Atualizado: 2 de ago. de 2019

Maria Christina B. Araújo - 08/07/2019



Gostar de praia é quase uma unanimidade! Especialmente em países tropicais como o nosso, esses locais são os mais democráticos espaços destinados ao lazer! Ambiente limpo, águas claras e areia branca são imbatíveis na preferência dos usuários quando escolhem praias para visitar! No entanto, não é isso que encontram com frequência. Praias no mundo todo estão repletas de lixo; o retrato mais visível desse cenário é a presença de plásticos de todos os tamanhos. Plásticos são duráveis e sofrem intensa fragmentação, potencializando os efeitos de sua presença no ambiente; mas não são os maiores vilões; um tipo de resíduo, pequeno e perigoso, tem se tornado um problema gigante, chegando a superar os plásticos em quantidade! Estamos falando das bitucas de cigarro (filtro após o consumo, com ou sem restos de fumo). Ações de limpeza costeira realizadas por voluntários em praias de todo o mundo, atestam a magnitude da poluição desses ambientes por bitucas; em 2018, por exemplo, esse tipo de resíduo ocupou a primeira posição no ranking do número de itens do lixo coletado, com quantidade superior a dois milhões de itens.

Quando vamos à praia, é normal concentrar a atenção nas belezas naturais; o mar é um dos cenários mais lindos e nos tira um pouco o foco na poluição que muitas vezes está presente. Mas basta um olhar mais atento para areia e lá estão elas! Bitucas por todos os lados! A face visível dos maus hábitos da população para com os lugares públicos. Bitucas de cigarro se disfarçam muito bem na areia; quanto mais velhas mais se camuflam; a cor clara e o tamanho facilitam esse processo.

Como as bitucas chegam aos ambientes costeiros? Provavelmente os resíduos descartados de forma inadequada nas cidades, são transportados pelo vento e/ou escoamento de água no sistema de drenagem; chegando até as áreas costeiras, ou são descartadas de forma proposital diretamente na praia por usuários desses ambientes!

Esse tipo de resíduo, cujo filtro é composto por um material sintético (acetato de celulose) é ainda mais danoso do que os plásticos. Nas bitucas estão presentes mais de 5000 compostos; dos quais, pelo menos 150 são reconhecidos como altamente tóxicos, em virtude do seu potencial cancerígeno e mutagênico. Os impactos são diversos e cumulativos (Fig.1) abrangendo aspectos sociais, econômicos e ambientais.

O que pode ser feito para reduzir o problema? A solução é difícil e requer um conjunto de ações com foco na redução do hábito de fumar; na ampliação da proibição do fumo em espaços públicos e na conscientização da população sobre os impactos decorrentes da presença desses resíduos nos ambientes, como, por exemplo, as praias.



Fig. 1: Impactos da presença de bitucas de cigarro em praias. Adaptado de Araújo & Costa, 2019 (Environmental Research, 172).



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