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Bitucas de cigarro: caracterização espacial e sazonal em uma praia arenosa do Sul do Brasil

Por Gisele Guedes Conceição, graduanda em oceanografia e bolsista do Projeto Lixo Marinho (FURG-RS).

Somos o Projeto Lixo Marinho, do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG-RS), que busca investigar a poluição por resíduos sólidos antropogênicos (RSA) em praias e águas superficiais do Atlântico Sul Ocidental, assim como seus impactos para a biota marinha. Durante 27 meses (entre 2016 e 2019), mapeamos os padrões espaciais e sazonais das quantidades de RSA na praia do Cassino, no extremo sul do Brasil, e avaliamos a ocorrência de bitucas de cigarro.

Localizada na cidade de Rio Grande, ao sul do Rio Grande do Sul, a praia do Cassino é caracterizada principalmente pela sua extensa faixa de areia e pelo trânsito de carros ao longo de todo o ano, com um considerável aumento de usuários durante o verão. Esta região também é marcada por intensas atividades portuária e pesqueira.

Nós coletamos em quatro pontos com diferentes usos e ocupações: dois próximos à área urbana do balneário, onde há um maior uso para turismo/recreação, e dois mais afastados do centro urbano, com menor uso. Por meio de transectos de 200m² (em triplicata) da faixa de areia, coletamos um total de 4.002 bitucas de cigarro, representando 14,7% do total de lixo coletado. Observou-se uma relação direta entre as atividades humanas e o número de filtros de cigarro. Durante o verão, quando aumenta o uso na praia, o número de filtros também aumenta: 2.709 foram encontradas nos verões de 2016, 2017 e 2019, ou seja, mais da metade do total coletado ao longo deste estudo. Por outro lado, apenas 80 filtros foram coletados nos invernos destes anos.

A maior parte dos filtros foram observados nos pontos mais próximos à área urbanizada. Observamos também maior concentração de pontas de cigarro na base da duna (7,80 itens/100m²) do que na linha de deixa da maré alta (1,70 itens/100m²), uma vez que a duna é onde as pessoas se concentram, além de ser uma zona de acúmulo de resíduos. Estes resultados demonstram que as bitucas são um indicador de como as atividades estão relacionadas à poluição das praias, por apresentarem maior frequência no verão e em locais com maior número de usuários de praia.

Para solucionar esse problema, é importante desenvolver políticas públicas com base científica para direcionar ações de gestão e educação ambiental. Atividades educativas, principalmente no verão nos pontos com mais usuários de praia, são fundamentais para diminuir o descarte de filtros de cigarro. Além disso, é necessário aumentar o número de lixeiras e recipientes específicos para o descarte de bitucas. As imagens representam a quantidade de bitucas coletadas no mutirão de limpeza de praia “Limpa oceano” na praia do Cassino em 2017, organizado pelo Projeto Lixo Marinho em parceria com a Prefeitura do Rio Grande. A atividade contou com estudantes e moradores da cidade e foram coletadas mais de 500 bitucas de cigarro, sendo o principal item coletado.


Saiba mais sobre o Projeto Lixo Marinho:

Instagram: @projeto.lixomarinho



Saiba mais sobre o Mundo SEM Bitucas pelos links a seguir:


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